Sunday, December 23, 2007

A Norma EN 15038 (se a ASAE descobre este filão...)

A norma europeia EN 15038 visa certificar os serviços de tradução em conformidade, através de um processo de auditoria independente, não se limitando apenas a certificar a existência de um sistema de gestão da qualidade, mas também a implementação e o cumprimento de uma série de requisitos e procedimentos necessários, em que a tónica seria colocada no produto e na elevada qualidade do serviço prestado pelos próprios TSPs.
Pretende-se identificar uma consonância de perspectivas que uniformizem as práticas da indústria e profissão, de forma a contribuir para a eventual clarificação de questões relacionadas com a profissionalização dos serviços.
Estes são alguns dos objectivos que presidem à implementação da norma: o aumento da consciencialização, sensibilização e transparência na oferta, a maior clareza nas relações entre o cliente e o fornecedor/prestador de serviços de tradução, a definição clara do âmbito e abrangência das relações estabelecidas e, ao mesmo tempo, o estabelecimento de parâmetros claros de regência dos procedimentos profissionais, o estabelecimento de regras claras ao nível da relação entre as empresas de tradução e os tradutores individuais que com elas trabalham em regime de colaboração ou subcontratação e, por último, um melhor entendimento das tarefas envolvidas na definição e prestação de um serviço de tradução de elevada qualidade, fomentando e desenvolvendo, ao mesmo tempo, uma cultura organizacional colaborativa entre as empresas aderentes aos seus requisitos normativos.
A “Norma sobre os Serviços de Tradução EN 15038” apresenta alguns pontos que importa equacionar. Desde logo, e à partida, o próprio conceito de tradutor acaba por ser totalmente redefinido através da introdução da nomenclatura TSP ou Translation Service Provider (Fornecedor de Serviços de Tradução), ou seja, “a person or organisation supplying translation services” (EN 15038:2006, alínea 2.18, pág. 6) e, sobretudo, estabelecendo a distinção entre esse translation service provider (TSP) e o tradutor, este último como “person who translates (2.17), no sentido simplificado de “render information in the source language into the target language in written form.” (EN 15038:2006, alínea 2.17, pág. 6).

A norma europeia especifica ainda os requisitos básicos para o TSP (Translation Service Provider) relativamente aos recursos técnicos e humanos, gestão e política ou práticas de qualidade, gestão de projectos, estrutura contratual, a relação cliente/TSP, bem como os procedimentos envolvidos na prestação de um serviço de qualidade, abordando parâmetros e rubricas diferenciadas, como, por exemplo: serviços de valor acrescentado, locale, linguagens controladas, gestão de projectos, gestão da qualidade, pré-edição, pós-edição; checking, reviser/proofreading; reviewer/review, project registration details ou diário do projecto, project registration, project assignment, guia de estilo, entre outros.
De igual forma, a norma EN15038 para os Serviços de Tradução estabelece toda uma série de requisitos básicos necessários para o perfil do futuro tradutor, nos quais são incluídas e descritas algumas valências e competências como, por exemplo, Gestão dos recursos humanos, Competências translatórias, Competência linguística e textual na LP e LC, Competência de investigação, aquisição e processamento da informação, Competência cultural, Competência interpessoal, Competência técnica e Competências profissionais.

(extraído de "Quase tudo o que eu (sempre) quis saber sobre tradução : kit de sobrevivência", disponível em http://hdl.handle.net/1822/5890)

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