E, no entanto, a tradução torna-se um texto‑enxerto que ‘pega’, isto é, que se enraiza no seu novo meio e nele tece laços orgânicos. Por isso, a tradução apresenta-se também como metáfora do enraizamento e da forma como esse texto enxertado é transplantado e aprende a germinar, ou seja, sobreviver, num ambiente linguístico e cultural estranho diferente do seu ecossistema dinâmico de origem, composto por um conjunto de “corpos estranhos provenientes dum espaço textual diferente” que foram transplantados para um novo ecossistema, fragmentos de um texto mais vasto de onde foram arrancados, como blocos erráticos circulando sem origem nem fim.
Tal como o tradutor, o texto e a palavra mostram-se, por conseguinte, entidades desenraizadas num contexto de errância pautado pela ausência de fixação e de barreiras. Perante os sentidos de desenraizamento na escrita, os textos‑outros encontrados na tradução funcionam como elementos potenciadores da “re‑locação” do sujeito e dotadores de uma maior confiança identitária. De facto, ao considerarmos esses “textos‑outros” como fragmentos dotados de mobilidade ou, mais concretamente, enxertos, obteremos a condição essencial para que os mesmos possam, simultaneamente, exercer uma função contaminadora e disseminadora da palavra num outro solo. De facto, a partir do momento em que o texto se estilhaça, o fragmento passa a ser agente contaminador, encarado não como uma entidade fechada, mas sim como um corpo autónomo e estruturante benjaminiano.
Tal como o tradutor, o texto e a palavra mostram-se, por conseguinte, entidades desenraizadas num contexto de errância pautado pela ausência de fixação e de barreiras. Perante os sentidos de desenraizamento na escrita, os textos‑outros encontrados na tradução funcionam como elementos potenciadores da “re‑locação” do sujeito e dotadores de uma maior confiança identitária. De facto, ao considerarmos esses “textos‑outros” como fragmentos dotados de mobilidade ou, mais concretamente, enxertos, obteremos a condição essencial para que os mesmos possam, simultaneamente, exercer uma função contaminadora e disseminadora da palavra num outro solo. De facto, a partir do momento em que o texto se estilhaça, o fragmento passa a ser agente contaminador, encarado não como uma entidade fechada, mas sim como um corpo autónomo e estruturante benjaminiano.
2 comments:
puz uma citação deste texto no meu bloque - até sempre
Meus cumprimentos pelo excelente blogue; está já linkado cá do outro lado do Atlântico.
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