Para mim, a ética é, a par dos princípios, valores e educação, a mãe de todas as virtudes, o princípio moralmente sustentador e alicerce basilar do indivíduo, enquanto ser envolvido numa rede de relações dinâmicas, socialmente enquadradas, e a base de qualquer relacionamento laboral profissionalmente sustentado (e sustentável).
Infelizmente, (e sem falsos moralismos ou demagogia barata) é essa mesma ética que, hoje, parece cada vez mais arredada das nossas vidas (e falo por experiência própria), em termos pessoais e, sobretudo, profissionais (voltarei a isto mais tarde, se o tempo assim o permitir).
Apenas a título de exemplo, em termos pessoais, e enquanto formador de futuros profissionais (?) de tradução, a ética é dos tópicos que mais dificuldade tenho em ensinar, transmitir ou partilhar, sem cair num tipo de discurso estereotipado, vazio e moralmente bacoco (ou oco, cheio de lugares-comuns e verdades de La Palisse), precisamente pelo seu carácter quase (sublinho, "quase") "in-ensinável". Ou seja, a ética, à partida, é algo que não se pode ensinar de ânimo leve, sobretudo se não houver uma abertura e predisposição da parte dos nossos interlocutores para aprenderem com as experiências de quem, muito antes, trilhou os mesmo caminhos e com eles aprendeu algo, crescendo como indivíduo, ética e moralmente coerente. Aprende-se, é claro, com a abertura ao "outro", com a partilha de realidades e saberes resultantes das experiências profissionais mais díspares e, acima de tudo, com os erros do dia-a-dia, que nos levam a crescer e a amadurecer um pouco mais, isto é, quando vencemos os obstáculos com que nos deparamos constantemente em contexto de interacção social.
Nestes tempos onde a ganância e a arrogância imperam, onde a altivez e, por que não, a estupidez vigoram, onde a lógica implacável do consumo e da competitividade assolam o nosso quotidiano, onde o vício e a falta de princípios corroem o tecido social, e onde a concorrência desleal e a ausência de valores fazem com que os fins justifiquem os meios, admito, com algum pessimismo, que seja difícil para muitos jovens (e não jovens) compreender o que é, afinal, adquirir e aplicar à sua prática profissional um comportamento etica e deontologicamente equilibrado.
Entretanto, para nos entretermos um pouco, deixo-vos este link para um texto de Roger Chriss onde é aflorada a questão da ética, essencialmente associada ao profissionalismo. No entanto, e infelizmente, o autor não deixa de cair naquela espécie de discurso de que falei acima, ou seja, vazio e moralmente pretensioso, fruto de uma repetição estafada de lugares-comuns que apenas afloram, ao de leve e de passagem, uma realidade bem mais complexa e impenetrável.
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