Thursday, November 29, 2007
Monday, November 26, 2007
Sunday, November 25, 2007
Time, ou a passagem inexorável do tempo
Não sei porquê, mas lembra-me um monólogo de Beckett (Rockaby ou "Cadeira de Baloiço")
http://home.tiscali.nl/annejan/swf/timeline.swf
"Será que começamos a fazer sentido?"
http://www.visoesuteis.pt/criacoes/vozes_1.html
http://home.tiscali.nl/annejan/swf/timeline.swf
"Será que começamos a fazer sentido?"
http://www.visoesuteis.pt/criacoes/vozes_1.html
Filho és, pai serás
Um dos textos mais belos que li nos últimos tempos.
(...) Other people’s memories are like other people’s dreams. The more one tries to communicate just how special they are, the more banal they seem. They lose their power in the open spaces between us, like a blood-borne virus. Who cares that someone’s father taught them the names of the planets, and that the thought of that night, about a thousand billion years ago, can be so sharp and potent? When I was very small, he taught me to ride a bike by holding onto the back until I was steady, then letting go when I wasn’t looking. I was halfway down the street before I realised he wasn’t there anymore, but as soon as I noticed, I fell off. This time, I’ll just keep pedalling.
Texto completo em http://taylor-parkes.livejournal.com/22493.html
(...) Other people’s memories are like other people’s dreams. The more one tries to communicate just how special they are, the more banal they seem. They lose their power in the open spaces between us, like a blood-borne virus. Who cares that someone’s father taught them the names of the planets, and that the thought of that night, about a thousand billion years ago, can be so sharp and potent? When I was very small, he taught me to ride a bike by holding onto the back until I was steady, then letting go when I wasn’t looking. I was halfway down the street before I realised he wasn’t there anymore, but as soon as I noticed, I fell off. This time, I’ll just keep pedalling.
Texto completo em http://taylor-parkes.livejournal.com/22493.html
Lição (nostálgica) de ténis
Esta é a razão pela qual passei ao lado de uma grande carreira
http://br.youtube.com/watch?v=Xs7bpPKD4X8&feature=related
http://br.youtube.com/watch?v=Xs7bpPKD4X8&feature=related
As férias do Sr. Hulot (1)
Se me perguntassem qual o filme que eu levaria para uma ilha deserta, este estaria certamente no rol dos escolhidos:
http://br.youtube.com/watch?v=imejpHjmhh8&feature=PlayList&p=4FD7236DA85ADE35&index=17
http://br.youtube.com/watch?v=imejpHjmhh8&feature=PlayList&p=4FD7236DA85ADE35&index=17
Uma prenda do tio Bill Gates
O glossário da Microsof pode ser encontrado aqui:
http://www.microsoft.com/globaldev/tools/MILSGlossary.mspx
http://www.microsoft.com/globaldev/tools/MILSGlossary.mspx
A incrível e triste história do homem que não queria ser invisível
(D'après Gabriel Garcia Marquez)
"Recuso-me a ser invisível" (Manifesto para uma outra visibilidade)
"Not long ago, one of our translators was translating a museum guide into his/her native language. In the first page of the guide, one could read credits for the different professionals involved in the making of the book (photographer, writer…). Our translator felt professionally compelled to make a request to be included. He/She wished to take off his/her invisibility cloak. The negative answer was not a surprise, but a comment from the particular client made him/her wonder. According to the client, this was the first time anyone had ever requested to be included in the credits. Apparently, no one had ever thought about getting rid of the invisibility cloak.
We are so used to doing the job without being seen that we don't even consider making a small request about including our names in the credits. I wonder if we even think about it. I wonder what would happen if we started making requests about it to be able to take off our invisibility cloaks."
We are so used to doing the job without being seen that we don't even consider making a small request about including our names in the credits. I wonder if we even think about it. I wonder what would happen if we started making requests about it to be able to take off our invisibility cloaks."
“About our invisibility cloak”, ITIA Bulletin (Outubro, 2007)
E se um dia aceitássemos despir, ainda que por instantes, esta capa que nos torna invisíveis perante os nossos colegas, os nossos clientes e a sociedade em geral, e nos recusássemos a pactuar de forma tão obediente com os lugares-comuns e os preconceitos de subalternidade que nos marginalizam cada vez mais em termos profissionais?
Aguarela de infância
Friday, November 23, 2007
The celts rise again!
Louis MacNeice
House On A Cliff
Indoors the tang of a tiny oil lamp. Outdoors
The winking signal on the waste of sea.
Indoors the sound of the wind. Outdoors the wind.
Indoors the locked heart and the lost key.
Outdoors the chill, the void, the siren. Indoors
The strong man pained to find his red blood cools,
While the blind clock grows louder, faster. Outdoors
The silent moon, the garrulous tides she rules.
Indoors ancestral curse-cum-blessing. Outdoors
The empty bowl of heaven, the empty deep.
Indoors a purposeful man who talks at cross
Purposes, to himself, in a broken sleep.
House On A Cliff
Indoors the tang of a tiny oil lamp. Outdoors
The winking signal on the waste of sea.
Indoors the sound of the wind. Outdoors the wind.
Indoors the locked heart and the lost key.
Outdoors the chill, the void, the siren. Indoors
The strong man pained to find his red blood cools,
While the blind clock grows louder, faster. Outdoors
The silent moon, the garrulous tides she rules.
Indoors ancestral curse-cum-blessing. Outdoors
The empty bowl of heaven, the empty deep.
Indoors a purposeful man who talks at cross
Purposes, to himself, in a broken sleep.
The familiar voice I seek...
Derek Mahon
Somewhere The Wave (2007)
Once more the window and a furious fly
shifting position, niftier on the pane
than the slow liner or tiny plane.
Dazzled by the sun, dazed by the rain,
today this frantic speck against the sky,
so desperate to get out in the open air
and cruise among the roses, starts to know
not all transparency is come and go.
But the window opens like an opened door
so the wild fly escapes to the airstream,
the raw crescendo of the crashing shore
and ‘a radical astonishment at existence’ –
a voice, not quite a voice, in the sea distance
listening to its own thin cetaceous whistle,
sea music gasp and sigh, slow wash and rustle.
Somewhere the wave is forming which in time...
Somewhere The Wave (2007)
Once more the window and a furious fly
shifting position, niftier on the pane
than the slow liner or tiny plane.
Dazzled by the sun, dazed by the rain,
today this frantic speck against the sky,
so desperate to get out in the open air
and cruise among the roses, starts to know
not all transparency is come and go.
But the window opens like an opened door
so the wild fly escapes to the airstream,
the raw crescendo of the crashing shore
and ‘a radical astonishment at existence’ –
a voice, not quite a voice, in the sea distance
listening to its own thin cetaceous whistle,
sea music gasp and sigh, slow wash and rustle.
Somewhere the wave is forming which in time...
Para (re)pousar os sentidos
Ana Luísa Amaral
«Intertextualidades» (in Minha senhora de Quê, Lisboa, Quetzal, 1999, p. 24)
Microscópica quase,
uma migalha entre as folhas de um livro
que ando a ler.
Emprestaram-me o livro,
mas a migalha não.
No mistério mais essencial, ela surgiu-me recatadamente, a meio de dois parágrafos solenes.
Embaraçou-me o pensamento, quebrou-me o fio (já ténue) da leitura.
Sedutora, intrigante.
Fez-me pensar nos níveis que há de ler:
o assunto livro
e a migalha-assunto do leitor.
(era pão a matéria consumida no meio
de dois parágrafos e os olhos
consumidos: virar a folha, duas linhas lidas
a intriga do tempo quando foi
e levantou-se a preparar o pão
voltando a outras linhas)
Fiquei com a migalha,
desconhecida oferta do leitor,
mas por jogo ou consumo
deixei-lhe uma migalha minha,
não marca de água, mas de pão também:
um tema posterior a decifrar mais tarde
em posterior leitura
alheia.
«Intertextualidades» (in Minha senhora de Quê, Lisboa, Quetzal, 1999, p. 24)
Microscópica quase,
uma migalha entre as folhas de um livro
que ando a ler.
Emprestaram-me o livro,
mas a migalha não.
No mistério mais essencial, ela surgiu-me recatadamente, a meio de dois parágrafos solenes.
Embaraçou-me o pensamento, quebrou-me o fio (já ténue) da leitura.
Sedutora, intrigante.
Fez-me pensar nos níveis que há de ler:
o assunto livro
e a migalha-assunto do leitor.
(era pão a matéria consumida no meio
de dois parágrafos e os olhos
consumidos: virar a folha, duas linhas lidas
a intriga do tempo quando foi
e levantou-se a preparar o pão
voltando a outras linhas)
Fiquei com a migalha,
desconhecida oferta do leitor,
mas por jogo ou consumo
deixei-lhe uma migalha minha,
não marca de água, mas de pão também:
um tema posterior a decifrar mais tarde
em posterior leitura
alheia.
Tuesday, November 20, 2007
Branco, mais branco, não há...
The Whitest Boy Alive via Kings of Convenience
http://www.whitestboyalive.com/
http://www.myspace.com/thewhitestboyalive
http://www.whitestboyalive.com/
http://www.myspace.com/thewhitestboyalive
Monday, November 19, 2007
Repescado do baú da memória
Um tradutor para o séc. XXI
(...) Gostaria de sublinhar que, no âmbito do tema aqui debatido, pretenderei partilhar um pouco da minha experiência pessoal enquanto tradutor profissional e transmitir uma visão particular do universo da tradução conforme vivido e sentido ao nível do quotidiano da prática da tradução técnica e especializada.
Por isso, e partindo do ponto de vista do potencial empregador de profissionais de tradução começaria por formular duas questões aparentemente simples, embora de difícil resolução perante o dinamismo e a mutabilidade de uma profissão tantas vezes ignorada, como menosprezada: “O que é traduzir hoje num contexto profissional?”, por um lado, e por outro, “Quais as competências e os requisitos essenciais para o tradutor dos nossos dias, no início deste séc. XXI?”
Traduzir hoje é mostrar-se atento e receptivo a um mundo cada vez mais diversificado em constante mutação, e é também enfrentar e saber solucionar os desafios colocados, por um lado, pela globalização/mundialização e, por outro, pela omnipresença da informática e das novas tecnologias da informação, sem dúvida o ambiente privilegiado em que se desenvolve actualmente a prática da tradução. Longe do conceito romântico e redutor do tradutor inspirado, fechado em si e fechado para o mundo, traduzindo incessantemente / irracionalmente de forma quase quixotesca, hoje a tradução rege-se pelas leis do mercado, da oferta e da procura, pelos esquemas de produção industrial, pelos prazos cada vez mais apertados, pelas inevitáveis pressões de tempo, pelos níveis de produtividade diária e por padrões de qualidade que lhe conferem um estatuto de direito próprio no âmbito das ciências humanas.
Traduzir hoje é, por isso, uma exigente actividade profissional inserida no contexto da indústria das tecnologias da linguagem, num mercado altamente competitivo e selectivo, mas também movediço e dinâmico, marcado pela fluidez e pela ausência de barreiras e fronteiras face à vertigem deste início de século. É, por isso, e mais do que nunca, uma tarefa multidisciplinar com um elevadíssimo grau de especialização e rigor num ambiente também ele cada vez mais pluridisciplinar.
Por outro lado, enquanto actividade que se insere no âmbito da engenharia da linguagem, hoje a tradução tem que ser encarada inevitavelmente enquanto processo e enquanto produto. Ou seja, é fundamental que assumamos previamente, e de uma vez por todas, que a tradução é uma actividade exigente com parâmetros de organização e estruturação rigorosos, com um grau de especialização bastante elevado e um público-alvo específico tanto mais exigente, quanto implacável no seu veredicto.
Processo porque, como sabemos, a actividade da tradução se encontra subdividida em múltiplos mecanismos e fases de trabalho com parâmetros de organização e estruturação concretos e rigorosos. Produto porque esse é o corolário lógico dessa longa cadeia de produção, onde se procura vender um produto ou serviço orientados basicamente para um consumidor final específico, existindo em função de um destinatário, que é o cliente, com diferentes funções, finalidades e naturezas.
O tradutor do século XXI é, antes de mais, um fornecedor de serviços linguísticos, um verdadeiro profissional da linguagem, um engenheiro da linguagem envolvido numa estrutura de produção e prestação de serviços de qualidade cada vez mais profissional e especializada de acordo com as novas áreas e domínios do saber.
Por isso, hoje em dia, vamos assistindo gradualmente a uma completa redefinição do papel, função e conceito do tradutor, que se metamorfoseia para dar lugar a uma nova entidade multifacetada, versátil e polivalente. O tradutor assume-se, assim, como um competente gestor de projectos de tradução, sendo capaz de gerir uma vastíssima série de fases, processos e mecanismos no seio da sua equipa de trabalho ou gabinete de tradução, desde a fase da pré-tradução, ou seja todo o “know-how” que envolve a organização, escalonamento e preparação da tradução, através da desmontagem e manipulação dos materiais de trabalho e de apoio, criação de bases de dados terminológicas, alimentação e desenvolvimento de memórias de tradução, utilização de múltiplos sistemas de tradução automática, desenvolvimento de estruturas e sistemas de gestão documental. Passando pela fase propriamente dita da tradução e produção das diferentes versões do texto, recorrendo às técnicas de tradução institucionalizadas e aplicando uma metodologia específica de tradução, até acabar na etapa da pós-tradução, na qual se podem incluir, por exemplo, a revisão, verificação, correcção e avaliação da qualidade do texto, até ao rigoroso controlo da qualidade do produto final.
É por este motivo que assistimos, actualmente, à emergência natural da nova profissão de “project manager”, ou gestor de projecto(s), um conceito desenvolvido dentro desta cadeia de produção de serviços que pretende congregar todo o trabalho que ultrapassa o mero acto de traduzir, passando a incluir actividades tão díspares como o contacto com os clientes, venda de um produto, orçamentação, contratualização, estabelecimento de prazos, negociação de modalidades de tradução, organização e gestão de projectos de tradução, subcontratação, elaboração de glossários e alimentação de bases de dados, trabalhos multimédia, audiovisuais, legendagem, locução, localização de software, revisão, uniformização terminológica e fraseológica e, em última instância facturação e, porque não, as chamadas “cobranças difíceis”.
Face a estas novas profissões-satélite que gravitam em torno deste riquíssimo universo e que servem de complemento vital à actividade da tradução (veja-se, por exemplo, o papel do terminólogo, terminógrafo, lexicólogo, documentalista, investigador, informático, localizador, redactor técnico ou “technical writer”, entre outros), o tradutor deve ser um elemento competente, auto-confiante e autónomo, alguém que possui a flexibilidade e a agilidade mentais capazes de desenvolver e aplicar um método de trabalho global e uniforme que permita dominar a dinâmica do texto e adquirir um “savoir-faire” 100% fiável.
Face às mais diversas áreas do saber, o tradutor deverá construir e desenvolver um saber essencialmente enciclopédico e pragmático alicerçado numa enorme curiosidade e numa sólida experiência prática e espírito crítico, sendo ainda capaz de dominar as técnicas e metodologias de documentação que lhe permitam documentar-se de forma completa, integral e rápida sobre qualquer tema de trabalho.
Para além do habitual domínio perfeito das línguas de partida e de chegada, o tradutor especializado deve ser, sobretudo, um bom redactor de textos técnicos, dominando as regras elementares de elaboração e estruturação de documentos técnicos ou textos de especialidade. Isto é, saber o que é a escrita técnica, quais as normas e padrões de configuração, apresentação e redacção do texto técnico e adaptar a terminologia e fraseologia às exigências do mercado e do cliente. Para tal, é imprescindível ser capaz de construir uma literacia tecnológica especializada, nomeadamente conhecendo o “modus operandi” característico da tradução técnica, bem como os respectivos produtos, linguagens, terminologias e contextos reais de produção.
Efectivamente, hoje em dia, existem bases de dados terminológicas on e off line e outros produtos de natureza terminográfica, que articulam textos, imagens e termos, comportando descrições linguísticas e conceptuais das unidades terminológicas que integram os conhecimentos actuais da teoria e prática da terminologia. Produtos estes que poderão ser um ponto de partida válido para a construção de verdadeiros programas de aprendizagem das línguas de especialidade.
Essencial é ainda a disciplina, o rigor e o respeito pelas normas de produção do texto, assim como o conhecimento especializado a nível técnico, textual e linguístico das linguagens de especialidade correspondentes a diferentes ecossistemas técnicos e linguísticos, isto é diferentes tipos de texto com diversas funções, aplicações e finalidades.
Com efeito, o tradutor deve reconhecer a existência de termos científicos e técnicos que funcionam dentro de redes conceptuais que estabelecem laços ou relações hierárquicas entre os conceitos, revelando um tipo de arquitectura considerada primordial para a aquisição de um genuíno vocabulário de especialidade.
Exige-se, portanto, o desenvolvimento de competências e saberes específicos, a familiaridade com novas áreas do saber, bem como a criação de uma estrutura conceptual relativa à área de especialização que permita aplicar estratégias e técnicas de análise capazes de criar cenários ou enquadramentos dinâmicos. No entanto, apesar do conhecimento das linguagens especializadas e da aquisição de uma excelente cultura técnica, é essencial saber como obter essas informações, isto é saber investigar e procurar nas fontes, saber efectuar uma apurada pesquisa selectiva e saber gerir e alimentar instrumentos de apoio ao trabalho. Esta versatilidade urgente advém do facto de, no contexto internacional de pesquisa, desenvolvimento, promoção, fabrico e manutenção de produtos e serviços, o tradutor técnico ou especializado tanto pode ver-se confrontado com a tradução de um contrato ou uma carta comercial, como o manual de instruções de um computador ou o catálogo de uma empresa, uma brochura publicitária ou milhares de páginas de documentação do Metro do Porto ou da União Europeia.
Daí que, no processo de tradução, a prática de investigação e criação desses ecossistemas terminológicos e conceptuais seja elementar, uma vez que permite constituir, aplicar, uniformizar e gerir terminologias de trabalho, criando bases de dados e fontes de referência e documentação especializadas. O tradutor deve, portanto, ser capaz de usar e gerir a terminologia e possuir a capacidade de documentação e investigação, seja ela investigação ad hoc, específica e sistematizada, direccionada para o texto ou vocacionada para o domínio de trabalho através do confronto com os textos da especialidade (textos de carácter geral, textos de divulgação, textos especializados, textos electrónicos, corpora, instrumentos e bases de trabalho, material de referência, etc)
A par da progressiva especialização e sistematização de processos ao longo da sua carreira, o tradutor experiente necessita igualmente de saber que a informática, ou melhor, a telemática, será algo de inevitavelmente imprescindível no seu ambiente de trabalho, pela utilização dos já tradicionais processadores de texto, mas sobretudo pelas ferramentas de publicação e edição assistidas por computador, bases de dados, CD-ROMs, textos electrónicos on-line, bem como memórias de tradução, sistemas de apoio à tradução humana, sistemas de pré-tradução e tradução automática.
Daí que, dentro dos requisitos indispensáveis para o exercício da tradução, encontremos necessariamente a autonomia, o espírito de iniciativa, o domínio e a agilidade das novas tecnologias e o conhecimento das ferramentas de apoio à tradução. Dado que a informática está e estará sempre ao serviço da tradução, redacção, terminologia e documentação, é essencial a exploração sistemática das mais avançadas tecnologias de suporte e tratamento da informação. Actualmente, de facto, um dos domínios mais importantes da ciência da tradução reside precisamente nas novas tecnologias ao serviço da tradução, nomeadamente as ferramentas de apoio à tradução, bases de dados, ferramentas e memórias de tradução; Trados, Transit, Déjà Vu, mas também bases ou ficheiros terminológicos, dicionários electrónicos; dicionários on-line, motores de busca, sistemas de apoio informatizados, ferramentas e memórias de tradução, “machine translation”, “computer aided tools”; programas de tradução assistida.
De facto, a emergência de um novo estatuto do saber e a dimensão da autoformação contínua nos actuais contextos científicos, técnicos e tecnológicos levam à necessidade de uma formação mais cuidada dos tradutores, tirando partido das novas tecnologias de informação e comunicação. Estas novas tecnologias permitem ao tradutor a gestão coerente dos contínuos fluxos de informação, incessantemente renovados e renováveis, e a sua integração nos sistemas de conhecimento.
A introdução da chamada tradumática, isto é, tudo o que diz respeito à tradução e as novas tecnologias, pode assumir-se como uma iniciativa pioneira, permitindo conhecer e utilizar ferramentas de uso geral adequadas à tradução, aprofundar competências no uso de materiais disponíveis na "Internet" como ferramentas de apoio ao tradutor, bem como saber utilizar programas específicos de apoio para uso dos tradutores profissionais.
Por último, uma referência para os conceitos de re-leitura, revisão, verificação, crítica e avaliação da qualidade e aferição dos níveis de qualidade, eficácia e funcionalidade textuais. Tal como anteriormente constatávamos o surgimento de um novo profissional, o “gestor de projectos”, também aqui nos parece indispensável sublinhar a importância do “Quality manager”, uma espécie de gestor da ou para a qualidade. Isto porque num mundo cada vez mais uniformizado e estandardizado, torna-se essencial adoptar e cumprir rigorosas políticas de controlo da qualidade do produto, conferindo o domínio e rigor técnico-científicos através de parâmetros de avaliação da eficácia textual que permitam verificar a consistência e a coesão do texto e, acima de tudo, a sua funcionalidade e aplicação prática. Não admira, portanto, que um dos principais temas em debate na actualidade seja precisamente a definição de objectivos de qualidade, perfis de competência e acreditação profissional e a adopção de procedimentos de garantia, avaliação e certificação da qualidade, nomeadamente através da tentativa de conferir um padrão, chancela ou certificado de qualidade à tradução, em conformidade com as normas ISO, vulgarmente aceites para a homologação dos sectores da indústria e do comércio.
Gostaria de terminar recuperando e subvertendo o “dictum” de Luis de Camões, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. No actual universo da tradução, mudaram-se os tempos e as vontades, mas também as metodologias de trabalho, as exigências e os perfis dos clientes. Mudou o mercado e o “timing” de execução dos trabalhos, os prazos, os locais e os contextos de tradução. Mudaram as ferramentas de trabalho e mudaram as competências e qualidades do tradutor. Mudou o estilo de abordagem face ao cliente e mudou a própria postura de relacionamento entre os profissionais da tradução. Exigem-se novos padrões de comportamento e novos parâmetros de ética e deontologia profissionais capazes de aceitar a diferença com tolerância e respeito mútuos. Exigem-se novas qualidades fisiológicas, psicológicas, emocionais e intelectuais. Exige-se, no fundo, um novo "saber fazer” e um novo “saber estar”.
Mantém-se, no entanto, essa mesma vontade de construir (e volto a citar) “um saber de experiência(s) feito”, ontem como hoje, feito de técnica, engenho e arte, inspiração e trabalho, rigor e improviso, afinal essa dicotomia que, ontem como hoje, perpassa ainda pelos estudos da tradução.
(...) Gostaria de sublinhar que, no âmbito do tema aqui debatido, pretenderei partilhar um pouco da minha experiência pessoal enquanto tradutor profissional e transmitir uma visão particular do universo da tradução conforme vivido e sentido ao nível do quotidiano da prática da tradução técnica e especializada.
Por isso, e partindo do ponto de vista do potencial empregador de profissionais de tradução começaria por formular duas questões aparentemente simples, embora de difícil resolução perante o dinamismo e a mutabilidade de uma profissão tantas vezes ignorada, como menosprezada: “O que é traduzir hoje num contexto profissional?”, por um lado, e por outro, “Quais as competências e os requisitos essenciais para o tradutor dos nossos dias, no início deste séc. XXI?”
Traduzir hoje é mostrar-se atento e receptivo a um mundo cada vez mais diversificado em constante mutação, e é também enfrentar e saber solucionar os desafios colocados, por um lado, pela globalização/mundialização e, por outro, pela omnipresença da informática e das novas tecnologias da informação, sem dúvida o ambiente privilegiado em que se desenvolve actualmente a prática da tradução. Longe do conceito romântico e redutor do tradutor inspirado, fechado em si e fechado para o mundo, traduzindo incessantemente / irracionalmente de forma quase quixotesca, hoje a tradução rege-se pelas leis do mercado, da oferta e da procura, pelos esquemas de produção industrial, pelos prazos cada vez mais apertados, pelas inevitáveis pressões de tempo, pelos níveis de produtividade diária e por padrões de qualidade que lhe conferem um estatuto de direito próprio no âmbito das ciências humanas.
Traduzir hoje é, por isso, uma exigente actividade profissional inserida no contexto da indústria das tecnologias da linguagem, num mercado altamente competitivo e selectivo, mas também movediço e dinâmico, marcado pela fluidez e pela ausência de barreiras e fronteiras face à vertigem deste início de século. É, por isso, e mais do que nunca, uma tarefa multidisciplinar com um elevadíssimo grau de especialização e rigor num ambiente também ele cada vez mais pluridisciplinar.
Por outro lado, enquanto actividade que se insere no âmbito da engenharia da linguagem, hoje a tradução tem que ser encarada inevitavelmente enquanto processo e enquanto produto. Ou seja, é fundamental que assumamos previamente, e de uma vez por todas, que a tradução é uma actividade exigente com parâmetros de organização e estruturação rigorosos, com um grau de especialização bastante elevado e um público-alvo específico tanto mais exigente, quanto implacável no seu veredicto.
Processo porque, como sabemos, a actividade da tradução se encontra subdividida em múltiplos mecanismos e fases de trabalho com parâmetros de organização e estruturação concretos e rigorosos. Produto porque esse é o corolário lógico dessa longa cadeia de produção, onde se procura vender um produto ou serviço orientados basicamente para um consumidor final específico, existindo em função de um destinatário, que é o cliente, com diferentes funções, finalidades e naturezas.
O tradutor do século XXI é, antes de mais, um fornecedor de serviços linguísticos, um verdadeiro profissional da linguagem, um engenheiro da linguagem envolvido numa estrutura de produção e prestação de serviços de qualidade cada vez mais profissional e especializada de acordo com as novas áreas e domínios do saber.
Por isso, hoje em dia, vamos assistindo gradualmente a uma completa redefinição do papel, função e conceito do tradutor, que se metamorfoseia para dar lugar a uma nova entidade multifacetada, versátil e polivalente. O tradutor assume-se, assim, como um competente gestor de projectos de tradução, sendo capaz de gerir uma vastíssima série de fases, processos e mecanismos no seio da sua equipa de trabalho ou gabinete de tradução, desde a fase da pré-tradução, ou seja todo o “know-how” que envolve a organização, escalonamento e preparação da tradução, através da desmontagem e manipulação dos materiais de trabalho e de apoio, criação de bases de dados terminológicas, alimentação e desenvolvimento de memórias de tradução, utilização de múltiplos sistemas de tradução automática, desenvolvimento de estruturas e sistemas de gestão documental. Passando pela fase propriamente dita da tradução e produção das diferentes versões do texto, recorrendo às técnicas de tradução institucionalizadas e aplicando uma metodologia específica de tradução, até acabar na etapa da pós-tradução, na qual se podem incluir, por exemplo, a revisão, verificação, correcção e avaliação da qualidade do texto, até ao rigoroso controlo da qualidade do produto final.
É por este motivo que assistimos, actualmente, à emergência natural da nova profissão de “project manager”, ou gestor de projecto(s), um conceito desenvolvido dentro desta cadeia de produção de serviços que pretende congregar todo o trabalho que ultrapassa o mero acto de traduzir, passando a incluir actividades tão díspares como o contacto com os clientes, venda de um produto, orçamentação, contratualização, estabelecimento de prazos, negociação de modalidades de tradução, organização e gestão de projectos de tradução, subcontratação, elaboração de glossários e alimentação de bases de dados, trabalhos multimédia, audiovisuais, legendagem, locução, localização de software, revisão, uniformização terminológica e fraseológica e, em última instância facturação e, porque não, as chamadas “cobranças difíceis”.
Face a estas novas profissões-satélite que gravitam em torno deste riquíssimo universo e que servem de complemento vital à actividade da tradução (veja-se, por exemplo, o papel do terminólogo, terminógrafo, lexicólogo, documentalista, investigador, informático, localizador, redactor técnico ou “technical writer”, entre outros), o tradutor deve ser um elemento competente, auto-confiante e autónomo, alguém que possui a flexibilidade e a agilidade mentais capazes de desenvolver e aplicar um método de trabalho global e uniforme que permita dominar a dinâmica do texto e adquirir um “savoir-faire” 100% fiável.
Face às mais diversas áreas do saber, o tradutor deverá construir e desenvolver um saber essencialmente enciclopédico e pragmático alicerçado numa enorme curiosidade e numa sólida experiência prática e espírito crítico, sendo ainda capaz de dominar as técnicas e metodologias de documentação que lhe permitam documentar-se de forma completa, integral e rápida sobre qualquer tema de trabalho.
Para além do habitual domínio perfeito das línguas de partida e de chegada, o tradutor especializado deve ser, sobretudo, um bom redactor de textos técnicos, dominando as regras elementares de elaboração e estruturação de documentos técnicos ou textos de especialidade. Isto é, saber o que é a escrita técnica, quais as normas e padrões de configuração, apresentação e redacção do texto técnico e adaptar a terminologia e fraseologia às exigências do mercado e do cliente. Para tal, é imprescindível ser capaz de construir uma literacia tecnológica especializada, nomeadamente conhecendo o “modus operandi” característico da tradução técnica, bem como os respectivos produtos, linguagens, terminologias e contextos reais de produção.
Efectivamente, hoje em dia, existem bases de dados terminológicas on e off line e outros produtos de natureza terminográfica, que articulam textos, imagens e termos, comportando descrições linguísticas e conceptuais das unidades terminológicas que integram os conhecimentos actuais da teoria e prática da terminologia. Produtos estes que poderão ser um ponto de partida válido para a construção de verdadeiros programas de aprendizagem das línguas de especialidade.
Essencial é ainda a disciplina, o rigor e o respeito pelas normas de produção do texto, assim como o conhecimento especializado a nível técnico, textual e linguístico das linguagens de especialidade correspondentes a diferentes ecossistemas técnicos e linguísticos, isto é diferentes tipos de texto com diversas funções, aplicações e finalidades.
Com efeito, o tradutor deve reconhecer a existência de termos científicos e técnicos que funcionam dentro de redes conceptuais que estabelecem laços ou relações hierárquicas entre os conceitos, revelando um tipo de arquitectura considerada primordial para a aquisição de um genuíno vocabulário de especialidade.
Exige-se, portanto, o desenvolvimento de competências e saberes específicos, a familiaridade com novas áreas do saber, bem como a criação de uma estrutura conceptual relativa à área de especialização que permita aplicar estratégias e técnicas de análise capazes de criar cenários ou enquadramentos dinâmicos. No entanto, apesar do conhecimento das linguagens especializadas e da aquisição de uma excelente cultura técnica, é essencial saber como obter essas informações, isto é saber investigar e procurar nas fontes, saber efectuar uma apurada pesquisa selectiva e saber gerir e alimentar instrumentos de apoio ao trabalho. Esta versatilidade urgente advém do facto de, no contexto internacional de pesquisa, desenvolvimento, promoção, fabrico e manutenção de produtos e serviços, o tradutor técnico ou especializado tanto pode ver-se confrontado com a tradução de um contrato ou uma carta comercial, como o manual de instruções de um computador ou o catálogo de uma empresa, uma brochura publicitária ou milhares de páginas de documentação do Metro do Porto ou da União Europeia.
Daí que, no processo de tradução, a prática de investigação e criação desses ecossistemas terminológicos e conceptuais seja elementar, uma vez que permite constituir, aplicar, uniformizar e gerir terminologias de trabalho, criando bases de dados e fontes de referência e documentação especializadas. O tradutor deve, portanto, ser capaz de usar e gerir a terminologia e possuir a capacidade de documentação e investigação, seja ela investigação ad hoc, específica e sistematizada, direccionada para o texto ou vocacionada para o domínio de trabalho através do confronto com os textos da especialidade (textos de carácter geral, textos de divulgação, textos especializados, textos electrónicos, corpora, instrumentos e bases de trabalho, material de referência, etc)
A par da progressiva especialização e sistematização de processos ao longo da sua carreira, o tradutor experiente necessita igualmente de saber que a informática, ou melhor, a telemática, será algo de inevitavelmente imprescindível no seu ambiente de trabalho, pela utilização dos já tradicionais processadores de texto, mas sobretudo pelas ferramentas de publicação e edição assistidas por computador, bases de dados, CD-ROMs, textos electrónicos on-line, bem como memórias de tradução, sistemas de apoio à tradução humana, sistemas de pré-tradução e tradução automática.
Daí que, dentro dos requisitos indispensáveis para o exercício da tradução, encontremos necessariamente a autonomia, o espírito de iniciativa, o domínio e a agilidade das novas tecnologias e o conhecimento das ferramentas de apoio à tradução. Dado que a informática está e estará sempre ao serviço da tradução, redacção, terminologia e documentação, é essencial a exploração sistemática das mais avançadas tecnologias de suporte e tratamento da informação. Actualmente, de facto, um dos domínios mais importantes da ciência da tradução reside precisamente nas novas tecnologias ao serviço da tradução, nomeadamente as ferramentas de apoio à tradução, bases de dados, ferramentas e memórias de tradução; Trados, Transit, Déjà Vu, mas também bases ou ficheiros terminológicos, dicionários electrónicos; dicionários on-line, motores de busca, sistemas de apoio informatizados, ferramentas e memórias de tradução, “machine translation”, “computer aided tools”; programas de tradução assistida.
De facto, a emergência de um novo estatuto do saber e a dimensão da autoformação contínua nos actuais contextos científicos, técnicos e tecnológicos levam à necessidade de uma formação mais cuidada dos tradutores, tirando partido das novas tecnologias de informação e comunicação. Estas novas tecnologias permitem ao tradutor a gestão coerente dos contínuos fluxos de informação, incessantemente renovados e renováveis, e a sua integração nos sistemas de conhecimento.
A introdução da chamada tradumática, isto é, tudo o que diz respeito à tradução e as novas tecnologias, pode assumir-se como uma iniciativa pioneira, permitindo conhecer e utilizar ferramentas de uso geral adequadas à tradução, aprofundar competências no uso de materiais disponíveis na "Internet" como ferramentas de apoio ao tradutor, bem como saber utilizar programas específicos de apoio para uso dos tradutores profissionais.
Por último, uma referência para os conceitos de re-leitura, revisão, verificação, crítica e avaliação da qualidade e aferição dos níveis de qualidade, eficácia e funcionalidade textuais. Tal como anteriormente constatávamos o surgimento de um novo profissional, o “gestor de projectos”, também aqui nos parece indispensável sublinhar a importância do “Quality manager”, uma espécie de gestor da ou para a qualidade. Isto porque num mundo cada vez mais uniformizado e estandardizado, torna-se essencial adoptar e cumprir rigorosas políticas de controlo da qualidade do produto, conferindo o domínio e rigor técnico-científicos através de parâmetros de avaliação da eficácia textual que permitam verificar a consistência e a coesão do texto e, acima de tudo, a sua funcionalidade e aplicação prática. Não admira, portanto, que um dos principais temas em debate na actualidade seja precisamente a definição de objectivos de qualidade, perfis de competência e acreditação profissional e a adopção de procedimentos de garantia, avaliação e certificação da qualidade, nomeadamente através da tentativa de conferir um padrão, chancela ou certificado de qualidade à tradução, em conformidade com as normas ISO, vulgarmente aceites para a homologação dos sectores da indústria e do comércio.
Gostaria de terminar recuperando e subvertendo o “dictum” de Luis de Camões, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. No actual universo da tradução, mudaram-se os tempos e as vontades, mas também as metodologias de trabalho, as exigências e os perfis dos clientes. Mudou o mercado e o “timing” de execução dos trabalhos, os prazos, os locais e os contextos de tradução. Mudaram as ferramentas de trabalho e mudaram as competências e qualidades do tradutor. Mudou o estilo de abordagem face ao cliente e mudou a própria postura de relacionamento entre os profissionais da tradução. Exigem-se novos padrões de comportamento e novos parâmetros de ética e deontologia profissionais capazes de aceitar a diferença com tolerância e respeito mútuos. Exigem-se novas qualidades fisiológicas, psicológicas, emocionais e intelectuais. Exige-se, no fundo, um novo "saber fazer” e um novo “saber estar”.
Mantém-se, no entanto, essa mesma vontade de construir (e volto a citar) “um saber de experiência(s) feito”, ontem como hoje, feito de técnica, engenho e arte, inspiração e trabalho, rigor e improviso, afinal essa dicotomia que, ontem como hoje, perpassa ainda pelos estudos da tradução.
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