Há muito que queria falar disto aqui.
Tratou-se de um dos espectáculos mais intensos que vi recentemente, numa tradução soberba e irrepreensível do Paulo Eduardo Carvalho (esse mago da palavra, alquimista trabalhando no limiar da metamorfose, que parece captar como ninguém a riqueza da dramaturgia irlandesa).
E, no entanto, modesto e humilde como sempre, quando, no final, lhe deram os parabéns pela fantástica tradução, respondendo apenas com um sincero, e nada afectado, "quando o texto é bom, quando o que está por detrás do nosso trabalho tem uma dimensão assim tão grande, o nosso trabalho fica facilitado e saímos de cena". [minha tradução]
Como se nem se notasse, portanto.
Pois é, Paulo, o problema é que se nota, e muito. E é por isso que se nota o teu dedo na construção do texto, suportando a força e a intensidade dramáticas dos actores. E é isso que dá força e magia ao teu trabalho. E é isso que te torna ainda mais visível, nesta obscuridade com que, às vezes, nos olham.
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