Tradição
Respeito
Autonomia
Descendência
União
Camaradagem
Amizade
Orgulho
Loadeando...
"Eu me desenvolvo e evoluo com meu filho"
Sunday, April 26, 2009
Henri Michaux (mudado por Herberto Helder)
Tradução
Eu me escarneço e saboreio
Torno-me de facto inocente
Nada resiste; olho em vão
Isto circula e entra na ordem
Um sítio chama outro responde
Tolas ruas contentes, oh como a coisa promete
Mas que se afastem os invejosos e os retorcidos aspas idem
Deixa pois perorempurrar os agros magros
Pelo meu lado regresso à água do oceano. Adeus
Ouvi o pancadaquear dos paquetes, eu embarco
Ora pois, velho hábito; pouco valho; mas tenho nos dedos
o jeito dos marinheiros de dar doze nós
numa corda e bombordo estibordo
balançar-me nas pernas, gosto disso.
Nas tempestades agarro-me ao grande mastro nu,
ouvido colado, há todo o tipo de ruídos;
entre duas rajadas vejo virem os va-
galhões com as cristas espumadas
e às vezes esta água violenta torna-se tão calma e
como que agonizante, senti-
mo-nos profundamente felizes
se ela apenas se agita com algumas rugas e dobras,
como algo que se aguenta tem-te-não-caias sob uns
velhos olhos benevolen-
tes e sábios de mulher.
Herberto Helder, Doze Nós Numa Corda
Eu me escarneço e saboreio
Torno-me de facto inocente
Nada resiste; olho em vão
Isto circula e entra na ordem
Um sítio chama outro responde
Tolas ruas contentes, oh como a coisa promete
Mas que se afastem os invejosos e os retorcidos aspas idem
Deixa pois perorempurrar os agros magros
Pelo meu lado regresso à água do oceano. Adeus
Ouvi o pancadaquear dos paquetes, eu embarco
Ora pois, velho hábito; pouco valho; mas tenho nos dedos
o jeito dos marinheiros de dar doze nós
numa corda e bombordo estibordo
balançar-me nas pernas, gosto disso.
Nas tempestades agarro-me ao grande mastro nu,
ouvido colado, há todo o tipo de ruídos;
entre duas rajadas vejo virem os va-
galhões com as cristas espumadas
e às vezes esta água violenta torna-se tão calma e
como que agonizante, senti-
mo-nos profundamente felizes
se ela apenas se agita com algumas rugas e dobras,
como algo que se aguenta tem-te-não-caias sob uns
velhos olhos benevolen-
tes e sábios de mulher.
Herberto Helder, Doze Nós Numa Corda
Saturday, April 25, 2009
Para saber quem fomos (somos)
Hoje acordámos a trautear isto. E, a propósito do "Conta-me como foi" (programa no top das audiências caseiras), aproveitámos para falar com as gerações mais novas acerca do que era viver no "antigamente".
É sempre bom partilhar alegrias e experiências de um tempo que passou e verificar que a liberdade passa/passou também por aqui.
Por elas, e para elas...
É sempre bom partilhar alegrias e experiências de um tempo que passou e verificar que a liberdade passa/passou também por aqui.
Por elas, e para elas...
Thursday, April 23, 2009
Boas Leituras
E, já agora, uma sugestão:
O remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe (QuidNovi 2006), que começa assim:
"a voz das mulheres estava sob a terra, vinha de caldeiras fundas onde só diabo e gente a arder tinham destino. a voz das mulheres, perigosa e burra, estava abaixo de mugido e atitude da nossa vaca, a sarga, como lhe chamávamos.
mal tolerados por quantos disputavam habitação naqueles ermos, batíamos os cascos em grandes trabalhos e estávamos preparados, sem saber, para desgraças absolutas ao tamanho de bichos desumanos. tamanho de gado, aparentados de nossa vaca, reunidos em família como pecadores de uma mesma praga. maleita nossa, nós, reunidos em família, haveríamos de nos destituir lentamente de toda a pouca normalidade.
abríamos os olhos pirilampos à fraca luz da vela, porque a sarga mugia noite inteira quando havia tempestade. dava-lhe frio e aflição de barulhos. era pesado que nos preocupássemos com a sua tristeza, se havia algo na sua voz que nos referia, como se soubesse nosso nome, como se, por motivo perverso algum, nos fosse melódico o seu timbre e nos fizesse sentido a medida da sua dor. por isso, custava deixá-la sem retorno, sem aviso de que a má disposição das nuvens era fúria de passagem. (...)"
Wednesday, April 22, 2009
Monday, April 20, 2009
Conferência sobre tradução literária e cultura (UE)
Conferência sobre tradução literária e cultura exalta papel da tradução na consolidação do ideal europeu
O Presidente Durão Barroso e o Comissário Leonard Orban participam hoje, em Bruxelas, numa conferência sobre tradução literária e cultura. Com este evento, a Comissão Europeia visa incentivar o debate sobre o papel da tradução literária na integração europeia e no diálogo intercultural. A conferência decorre das discussões do almoço-debate consagrado à tradução que teve lugar em Bruxelas a 6 de Novembro de 2008 e pretende alargar a discussão sobre tradução literária a um público mais vasto de profissionais da língua. Entre os cerca de 120 participantes contam-se tradutores, escritores, editores, universitários e críticos literários, bem como profissionais do teatro, do cinema e da música.
«A tradução europeia deu uma contribuição decisiva para a consolidação do ideal europeu», afirmou o Comissário Europeu do Multilinguismo, Leonard Orban. «É graças a ela que podemos articular a descoberta e o respeito da diversidade com a consciência de possuirmos um património cultural comum. A tradução simboliza a abertura à diferença».
Esta conferência é mais um exemplo do compromisso assumido pela Comissão Europeia de aumentar a sensibilização para a importância da diversidade linguística e da tradução literária enquanto ferramenta para a compreensão de outras culturas.
Muito antes de a Europa se tornar um projecto económico e político com a criação das Comunidades Europeias, já era sabido que a profusão de línguas, leis e instituições locais e nacionais do continente se firmava numa unidade essencial a nível mais profundo. É esta tomada de consciência que explica a razão da importância da tradução literária, que permite aos europeus ultrapassar as barreiras culturais e linguísticas e descobrir as obras e tradições dos seus vizinhos.
Nas últimas décadas, a tradução ganhou também importância devido a um outro factor: a natureza multilingue do projecto europeu. As políticas da UE em matéria de multilinguismo incluem a promoção da aprendizagem das línguas.
A sessão plenária da conferência começará com um debate entre o Presidente Durão Barroso, o escritor e crítico literário italiano Ernesto Ferrero e o músico espanhol Jordi Savall. Seguir-se-á um discurso do Comissário Leonard Orban sobre a política de multilinguismo. Tomarão também a palavra o deputado europeu Vasco Graça Moura e o escritor iraquiano Younis Tawfik.
A tarde será dedicada a três sessões de trabalho («Tradução e diálogo intercultural», «O trabalho do tradutor: aspectos da profissão» e «A tradução em todas as suas facetas»). A síntese dos trabalhos será feita por Jacques de Decker, relator-geral, escritor e secretário permanente da Académie royale de langue e de littérature françaises de Belgique. As conclusões finais serão apresentadas pelo Comissário Leonard Orban no termo da jornada.
A conferência tem lugar das 9h30 às 17h00 na sala Durieux, no Edifício Charlemagne, em Bruxelas. A sessão plenária terá interpretação nas seguintes línguas: FR, EN, DE, IT, ES, PT, RO, NL, PY, SK, GR, SI, HU, CZ e FI.
As inscrições estão já encerradas, mas a conferência poderá ser seguida pela Internet em : http://ec.europa.eu/education/languages/index_pt.htm
Comissário Orban: http://ec.europa.eu/commission_barroso/orban/index_pt.htm
Direcção-Geral da Tradução: http://ec.europa.eu/dgs/translation
Portal das Línguas da Comissão Europeia: http://europa.eu/languages/pt/home
O Presidente Durão Barroso e o Comissário Leonard Orban participam hoje, em Bruxelas, numa conferência sobre tradução literária e cultura. Com este evento, a Comissão Europeia visa incentivar o debate sobre o papel da tradução literária na integração europeia e no diálogo intercultural. A conferência decorre das discussões do almoço-debate consagrado à tradução que teve lugar em Bruxelas a 6 de Novembro de 2008 e pretende alargar a discussão sobre tradução literária a um público mais vasto de profissionais da língua. Entre os cerca de 120 participantes contam-se tradutores, escritores, editores, universitários e críticos literários, bem como profissionais do teatro, do cinema e da música.
«A tradução europeia deu uma contribuição decisiva para a consolidação do ideal europeu», afirmou o Comissário Europeu do Multilinguismo, Leonard Orban. «É graças a ela que podemos articular a descoberta e o respeito da diversidade com a consciência de possuirmos um património cultural comum. A tradução simboliza a abertura à diferença».
Esta conferência é mais um exemplo do compromisso assumido pela Comissão Europeia de aumentar a sensibilização para a importância da diversidade linguística e da tradução literária enquanto ferramenta para a compreensão de outras culturas.
Muito antes de a Europa se tornar um projecto económico e político com a criação das Comunidades Europeias, já era sabido que a profusão de línguas, leis e instituições locais e nacionais do continente se firmava numa unidade essencial a nível mais profundo. É esta tomada de consciência que explica a razão da importância da tradução literária, que permite aos europeus ultrapassar as barreiras culturais e linguísticas e descobrir as obras e tradições dos seus vizinhos.
Nas últimas décadas, a tradução ganhou também importância devido a um outro factor: a natureza multilingue do projecto europeu. As políticas da UE em matéria de multilinguismo incluem a promoção da aprendizagem das línguas.
A sessão plenária da conferência começará com um debate entre o Presidente Durão Barroso, o escritor e crítico literário italiano Ernesto Ferrero e o músico espanhol Jordi Savall. Seguir-se-á um discurso do Comissário Leonard Orban sobre a política de multilinguismo. Tomarão também a palavra o deputado europeu Vasco Graça Moura e o escritor iraquiano Younis Tawfik.
A tarde será dedicada a três sessões de trabalho («Tradução e diálogo intercultural», «O trabalho do tradutor: aspectos da profissão» e «A tradução em todas as suas facetas»). A síntese dos trabalhos será feita por Jacques de Decker, relator-geral, escritor e secretário permanente da Académie royale de langue e de littérature françaises de Belgique. As conclusões finais serão apresentadas pelo Comissário Leonard Orban no termo da jornada.
A conferência tem lugar das 9h30 às 17h00 na sala Durieux, no Edifício Charlemagne, em Bruxelas. A sessão plenária terá interpretação nas seguintes línguas: FR, EN, DE, IT, ES, PT, RO, NL, PY, SK, GR, SI, HU, CZ e FI.
As inscrições estão já encerradas, mas a conferência poderá ser seguida pela Internet em : http://ec.europa.eu/education/languages/index_pt.htm
Comissário Orban: http://ec.europa.eu/commission_barroso/orban/index_pt.htm
Direcção-Geral da Tradução: http://ec.europa.eu/dgs/translation
Portal das Línguas da Comissão Europeia: http://europa.eu/languages/pt/home
Sunday, April 19, 2009
Trilogia (Movimentos Finais)
E para concluir esta pequena e singela trilogia dedicada a tão mesquinha entidade, ouçamos este lindo tema, tendo especial atenção para a finíssima e delicada mensagem subliminar transmitida no refrão.
Robin dos Bosques vs Sheriff de Nottingham
Retomando o post anterior, se vivêssemos na época do Robin dos Bosques, diria que a entidade atrás mencionada seria o equivalente ao Sherrif (Xerife, como surgia num disco 45 rpm da minha infância, em que a história era contada com fulgor e emoção por um narrador com sotaque brasileiro) de Nottingham...
O problema é que já não há heróis, como dizia a música, e os fantoches que nos governam e fazem oposição, reprovariam em qualquer casting elementar para esse papel. O de "bom da fita", leia-se e sublinhe-se, porque para maus papéis já estamos nós fartos de actores medíocres, peritos em overacting...
Desabafo: Apresento-vos...
o maior ladrão de todos os tempos, e o ser mais abjecto de que há memória ...
Por razões que não interessa agora aqui expor (sob pena de entediar este vastíssimo auditório), estou farto (literalmente farto) de ser incomodado por estes senhores.
Nota: Este post deve ser ouvido ao som disto que vos indico:
Good moaning
GUIA PRÁTICO DA CIÊNCIA MODERNA:
01. Se mexer, pertence à Biologia.
02. Se feder, pertence à Química.
03. Se não funciona, pertence à Física.
04. Se ninguém entende, é Matemática.
05. Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
06. Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer
sentido, é INFORMÁTICA.
Eu cá diria que é mesmo POLÍTICA!
01. Se mexer, pertence à Biologia.
02. Se feder, pertence à Química.
03. Se não funciona, pertence à Física.
04. Se ninguém entende, é Matemática.
05. Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
06. Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer
sentido, é INFORMÁTICA.
Eu cá diria que é mesmo POLÍTICA!
Friday, April 17, 2009
O mestre Miyagi do bilhar
Como eu desejava jogar assim...
Durante o último CTTT, cá em Braga, tive oportunidade de jogar isto contra o Anthony (Pym), o Frank (Austermuhl) e a Debbie (Folaron).
Perdi com todos... mas tal deve-se mais à nossa (minha) habitual tradição e cultura de simpatia e hospitalidade (a chamada arte de bem receber), do que propriamente à falta de jeito... (acho eu...)
Durante o último CTTT, cá em Braga, tive oportunidade de jogar isto contra o Anthony (Pym), o Frank (Austermuhl) e a Debbie (Folaron).
Perdi com todos... mas tal deve-se mais à nossa (minha) habitual tradição e cultura de simpatia e hospitalidade (a chamada arte de bem receber), do que propriamente à falta de jeito... (acho eu...)
Thursday, April 16, 2009
Visível + Invisível = Diferente?
Retomo aqui um tema de que já falei (o da visibilidade invisibilidade do tradutor) e da tendência para uma certa divisão/hierarquização do trabalho, ao nível da prestação de serviços de tradução.
Neste caso, é o colega Fabio Said, que fala do assunto no seu blogue fidus interpres
Frase do dia
“Hammer your thoughts into unity.”
Uma frase (ou será lema de vida?) a que recorro frequentemente.
Não sei se, alguma vez, será traduzível. Talvez sim...
P.S. Já agora, um presente a quem oferecer a melhor tradução.
Uma frase (ou será lema de vida?) a que recorro frequentemente.
Não sei se, alguma vez, será traduzível. Talvez sim...
P.S. Já agora, um presente a quem oferecer a melhor tradução.
Contemporary Africa(s): Current Artistic Interventions after the 'Post'
Mais uma colheita da nossa safra (redundâncias à parte).
Call for Papers
Contemporary Africa(s): Current Artistic Interventions after the 'Post'
14 -15 Maio 2009
Universidade do Minho
Campus de Gualtar
4710-057 Braga - Portugal
Envio de propostas [max. 300 palavras] até 20 de Abril de 2009
Deadline for abstracts [max. 300 words] 20 April 2009
http://ceh.ilch.uminho.pt/grupocli/index.htm
Organização:
Centro de Estudos Humanísticos — CEHUM
Grupo de Investigação em Estudos Pós-coloniais e Literaturas de Intervenção
Call for Papers
Contemporary Africa(s): Current Artistic Interventions after the 'Post'
14 -15 Maio 2009
Universidade do Minho
Campus de Gualtar
4710-057 Braga - Portugal
Envio de propostas [max. 300 palavras] até 20 de Abril de 2009
Deadline for abstracts [max. 300 words] 20 April 2009
http://ceh.ilch.uminho.pt/grupocli/index.htm
Organização:
Centro de Estudos Humanísticos — CEHUM
Grupo de Investigação em Estudos Pós-coloniais e Literaturas de Intervenção
Wednesday, April 15, 2009
Serviço público 2 (Localização)
Já se encontra disponível, em http://ceh.ilch.uminho.pt/atelier.htm , o artigo apresentado por Vanessa Enríquez Raído e Frank Austermühl, durante o 2º seminário HOT - Hands-On Translation, intitulado Translation, Localization, and Technology – Current Developments
Boas leituras, ou como dizia o outro "always read good papers"
Boas leituras, ou como dizia o outro "always read good papers"
Tuesday, April 14, 2009
Querida, mudei o laboratório
Mas onde é que eu já vi visto? Que saudades dos nossos velhinhos laboratórios de línguas...
Algumas ideias práticas para personalizar o seu ambiente de trabalho.
Algumas ideias práticas para personalizar o seu ambiente de trabalho.
Monday, April 13, 2009
Sunday, April 12, 2009
Descubra as diferenças
Gostaria de partilhar convosco uma velha, misteriosa e inquietante teoria minha, espécie de "mito urbano", segundo o qual o nosso fantástico, magnífico, espantoso, mirabolante, seboso, bronco, anestesiante e virtualmente virtuoso CR (7) é uma espécie de PA no masculino, sem silicone, mas igualmente desprovido de neurónios e apenas com uma singelíssima preocupação na cabeça (como, aliás, demonstram as imagens)...
Saturday, April 11, 2009
Apologia da mui nobre, sempre leal e invicta llengua portugueza
Encontrei isto, nas arrumações lá de casa.
O 1º texto é um artigo de cariz sociológico, tentando desmontar o 2º (que é o que interessa, neste caso).
POLIVALÊNCIA... HÁ 70 ANOS
ELVIRA PEREIRA
Socióloga, Téc. Sup. Principal da Inspecção das Finanças
ELVIRA PEREIRA
Socióloga, Téc. Sup. Principal da Inspecção das Finanças
Actualmente, é comummente aceite o facto de quer os recursos humanos, quer as organizações, necessitarem de se conformar com os imperativos da flexibilidade, criatividade, versatilidade e adaptabilidade como condição sine qua non da sobrevivência.
Como poderá observar no pequeno texto que abaixo transcrevemos, pode-se inferir da não novidade daqueles princípios. Muitos agentes económicos foram, no seu tempo, inovadores, possuidores de um raro sentido das oportunidades e suficientemente flexíveis em ordem à adaptação necessária aos mais diversos contextos. Porém, é sempre possível fornecer exemplos caricaturais sobre essas mesmas qualidades.
Com a devida vénia, transcrevemos, na íntegra, um texto publicado no jornal Correio do Ribatejo. Trata-se da cópia de um prospecto que Manuel Ferreira, da vila da Sertã, mandou imprimir e distribuir há cerca de 70 anos.
Deste texto infere-se a extraordinária polivalência do signatário do anúncio, que vai desde "surgião" e "rigedor" a ensinante de "jiographia, aritmética, gimnástica e outras chinezisses", culminando com cantos e danças.
Diríamos que mais sábio que Newton só o Sr. Manuel Ferreira, desde que este dominasse com a mesma acuidade os instrumentos básicos de decifração cultural que tal abrangência requeria.
Difíceis tempos aqueles em que o tudo, pelos vistos, era quase nada ou pouca coisa.
Afinal, o que o anúncio revela é um simples exemplo da tão portuguesíssima "lei do desenrascanço". Hoje, por razões diferentes, aos jovens coloca-se cada vez mais o problema da formação abrangente e recorrente, da oportunidade, da flexibilização e da adaptação à nova rdem do trabalho.
Aqui para nós, quando acabamos de 1er o anúncio, a nossa reacção sintetiza-se aproximadamente no seguinte comentário:
Eh pá, vai fazer "surgias" para a tua rua!
EU, MANUEL FERREIRA, SURGIÃO
Como poderá observar no pequeno texto que abaixo transcrevemos, pode-se inferir da não novidade daqueles princípios. Muitos agentes económicos foram, no seu tempo, inovadores, possuidores de um raro sentido das oportunidades e suficientemente flexíveis em ordem à adaptação necessária aos mais diversos contextos. Porém, é sempre possível fornecer exemplos caricaturais sobre essas mesmas qualidades.
Com a devida vénia, transcrevemos, na íntegra, um texto publicado no jornal Correio do Ribatejo. Trata-se da cópia de um prospecto que Manuel Ferreira, da vila da Sertã, mandou imprimir e distribuir há cerca de 70 anos.
Deste texto infere-se a extraordinária polivalência do signatário do anúncio, que vai desde "surgião" e "rigedor" a ensinante de "jiographia, aritmética, gimnástica e outras chinezisses", culminando com cantos e danças.
Diríamos que mais sábio que Newton só o Sr. Manuel Ferreira, desde que este dominasse com a mesma acuidade os instrumentos básicos de decifração cultural que tal abrangência requeria.
Difíceis tempos aqueles em que o tudo, pelos vistos, era quase nada ou pouca coisa.
Afinal, o que o anúncio revela é um simples exemplo da tão portuguesíssima "lei do desenrascanço". Hoje, por razões diferentes, aos jovens coloca-se cada vez mais o problema da formação abrangente e recorrente, da oportunidade, da flexibilização e da adaptação à nova rdem do trabalho.
Aqui para nós, quando acabamos de 1er o anúncio, a nossa reacção sintetiza-se aproximadamente no seguinte comentário:
Eh pá, vai fazer "surgias" para a tua rua!
EU, MANUEL FERREIRA, SURGIÃO
Eu, Manuel Ferreira, surgião, rigedor, comerciante e agente de enterros.
Respeitosamente informa as senhoras e cavalheiros que lhes tira dentes sem esperar um minuto, apelica cataplasmas e salapismos a baixo preço e vixas e 20 reis cada, garantidas.
Vende pelumas, cordas, corta calos, juanetos, aços partidos, tusquia burros uma vez por mes, e trata de unhas ao ano. Amolla facas e tizoiras, apitos a 10 reis, castiçais, fregideiras, e outros instrumentos musicais a preços reduzidos. Ensina gramática e discursos de maneiras finas, acim como cathecysmo e orctographia, cantos e danças, jogos de sociedades e bordados. Perfumes de todas as qualidades. Como os tempos vão maus, pesso lecença para dezer que comessei também a vender galinhas, lans, porcos e outra criação. Camisolas, lenços, ratueiras, enchadas, pás, pregos, tejolos, carnes, chourissos e outras ferramentas de jardim e lavoira, cigarros, pitrol, aguardente e outros materiais inflamáveis. Hortalissas, frutas, músicas, lavatoiros, pedras de amolar, sementes e loiças, e manteiga de vaca e de porco.
Tenho um grande curtimento de tapetes, cerveja, velas e phosphoros, e outras conservas como tintas, sabão, vinagre, compro e vendo trapos velhos, chumbo e latão. Ovos frescos meus, páçaros de canto, como moxos, jumentos, piruns, grilos e depósito de vinhos da minha lavra. Tualhas, cobertores e todas as qualidades de roupa. Ensino jiographia, aritmética, gimnástica e outras chinezisses.
Respeitosamente informa as senhoras e cavalheiros que lhes tira dentes sem esperar um minuto, apelica cataplasmas e salapismos a baixo preço e vixas e 20 reis cada, garantidas.
Vende pelumas, cordas, corta calos, juanetos, aços partidos, tusquia burros uma vez por mes, e trata de unhas ao ano. Amolla facas e tizoiras, apitos a 10 reis, castiçais, fregideiras, e outros instrumentos musicais a preços reduzidos. Ensina gramática e discursos de maneiras finas, acim como cathecysmo e orctographia, cantos e danças, jogos de sociedades e bordados. Perfumes de todas as qualidades. Como os tempos vão maus, pesso lecença para dezer que comessei também a vender galinhas, lans, porcos e outra criação. Camisolas, lenços, ratueiras, enchadas, pás, pregos, tejolos, carnes, chourissos e outras ferramentas de jardim e lavoira, cigarros, pitrol, aguardente e outros materiais inflamáveis. Hortalissas, frutas, músicas, lavatoiros, pedras de amolar, sementes e loiças, e manteiga de vaca e de porco.
Tenho um grande curtimento de tapetes, cerveja, velas e phosphoros, e outras conservas como tintas, sabão, vinagre, compro e vendo trapos velhos, chumbo e latão. Ovos frescos meus, páçaros de canto, como moxos, jumentos, piruns, grilos e depósito de vinhos da minha lavra. Tualhas, cobertores e todas as qualidades de roupa. Ensino jiographia, aritmética, gimnástica e outras chinezisses.
(Publicado no Jornal Correio do Ribatejo, há cerca de 70 anos)
Friday, April 10, 2009
Obamização
Localization: taking a product and tailoring it to an individual local market (i.e. ‘locale’).
Obamização - processo de adaptação do Obama a mercados ("locales") individuais específicos.
Ver exemplo (com som)
P.S. Já agora, acho que a malta da Antena 3 não percebeu bem de que produto/artigo se estava a falar, confundindo-o com biscoitos para cães...
Thursday, April 09, 2009
Henri MESCHONNIC (1932-2009)
No dia do seu desaparecimento, fica aqui a homenagem ao tradutor e poeta, vulto incontornável da teoria da tradução e referência fundamental que nos tem acompanhado ao longo dos últimos anos.
Vale a pena ler a sua biografia e discurso de aceitação do Prémio Europeu de Literatura, em 2006, aqui.
Monday, April 06, 2009
Sunday, April 05, 2009
Que pena não poder estar lá!
Este, sim, promete ser um evento extraordinário, abrindo espaço a novas sensibilidades, leituras e diálogos inter e transdisciplinares. Até que enfim que alguém se lembra de trazer uma literatura menor para os grandes palcos da "academia".
In a state of "watchful anomie"
CRAIGVARA HOUSE
Derek Mahon
That was the year
of the black nights and clear
mornings, a mild elation touched with fear;
of watchful anomie,
heart silence, day-long reverie
while the wind made catspaws on the sea
and the first
rain of winter burst
earthwards as if quenching a great thirst.
A mist of spray
hung over the shore all day
while I slumped there re-reading La Nausée
or knocked a coal,
releasing squeaky gas until
it broke and tumbled into its hot hole.
Night fell on a rough
sea, on a moonlit basalt cliff,
huts with commandments painted on the roof,
and rain wept down
the raw slates of the town,
cackling maniacally in pipe and drain.
I slowly came
to treasure my ashram
(a flat with a sea view, the living room
furnished with frayed
chintz, cane chairs and faded
watercolours of Slemish and Fair Head);
and it was there,
choosing my words with care,
I sat down and began to write once more.
When snowflakes
wandered on to the rocks
I thought, home is where the heart breaks -
the lost domain
of week-ends in the rain,
the Sunday sundae and the sexual pain.
I stared each night
at a glow of orange light
over the water where the interned sat tight,
I in my own prison
envying their fierce reason,
their solidarity and extroversion,
and during storms
imagined the clenched farms
with dreadful faces thronged and fiery arms.
Sometime before
spring I found in there
the frequency that I'd been looking for
and crossed by night
a dark channel, my eyesight
focused upon a flickering pier-light.
I slept then and,
waking early, listened
entranced to the pea-whistle sound
of a first thrush
practising on a thorn bush
a new air picked up in Marrakesh.
And then your car
parked with a known roar
and you stood smlhng at the door -
as if we might
consider a bad night
as over and walk out into the sunlight.
Selected Poems (Viking/Gallery in assoc. OUP 1991; rep. 1993)
Derek Mahon
That was the year
of the black nights and clear
mornings, a mild elation touched with fear;
of watchful anomie,
heart silence, day-long reverie
while the wind made catspaws on the sea
and the first
rain of winter burst
earthwards as if quenching a great thirst.
A mist of spray
hung over the shore all day
while I slumped there re-reading La Nausée
or knocked a coal,
releasing squeaky gas until
it broke and tumbled into its hot hole.
Night fell on a rough
sea, on a moonlit basalt cliff,
huts with commandments painted on the roof,
and rain wept down
the raw slates of the town,
cackling maniacally in pipe and drain.
I slowly came
to treasure my ashram
(a flat with a sea view, the living room
furnished with frayed
chintz, cane chairs and faded
watercolours of Slemish and Fair Head);
and it was there,
choosing my words with care,
I sat down and began to write once more.
When snowflakes
wandered on to the rocks
I thought, home is where the heart breaks -
the lost domain
of week-ends in the rain,
the Sunday sundae and the sexual pain.
I stared each night
at a glow of orange light
over the water where the interned sat tight,
I in my own prison
envying their fierce reason,
their solidarity and extroversion,
and during storms
imagined the clenched farms
with dreadful faces thronged and fiery arms.
Sometime before
spring I found in there
the frequency that I'd been looking for
and crossed by night
a dark channel, my eyesight
focused upon a flickering pier-light.
I slept then and,
waking early, listened
entranced to the pea-whistle sound
of a first thrush
practising on a thorn bush
a new air picked up in Marrakesh.
And then your car
parked with a known roar
and you stood smlhng at the door -
as if we might
consider a bad night
as over and walk out into the sunlight.
Selected Poems (Viking/Gallery in assoc. OUP 1991; rep. 1993)
Tradução: A Liga dos Últimos
Lembram-se de aqui ter falado do "star system" vs "bread & butter"?
De facto, há toda uma taxonomia futebolística que pode ser aplicada à tradução dita profissional: tradutores de 1ª, 2ª, Liga de Honra, Distritais, Amadores... Não sei se há "apitos dourados" , mas que l'ASAE, l'ASAE...
Pois o Danilo Nogueira, leu-me os pensamentos, e deita aqui mais uma acha preciosa para a fogueira. No sentido positivo e construtivo, é claro, porque está cheio de razão.
Nota do Tradutor: Ficar cabreiro - desconfiar de algo
De facto, há toda uma taxonomia futebolística que pode ser aplicada à tradução dita profissional: tradutores de 1ª, 2ª, Liga de Honra, Distritais, Amadores... Não sei se há "apitos dourados" , mas que l'ASAE, l'ASAE...
Pois o Danilo Nogueira, leu-me os pensamentos, e deita aqui mais uma acha preciosa para a fogueira. No sentido positivo e construtivo, é claro, porque está cheio de razão.
Nota do Tradutor: Ficar cabreiro - desconfiar de algo
Friday, April 03, 2009
Geração de futuro
Entregues os prémios aos vencedores do concurso de tradução da UE
Vinte e sete alunos de escolas secundárias da UE recebem hoje, em Bruxelas, um prémio e um diploma por terem efectuado as melhores traduções nos respectivos países no âmbito do concurso de tradução «Juvenes Translatores». Luís Filipe Machado Costa, do Colégio Nossa Senhora da Assunção, na Anadia, foi o vencedor do concurso em Portugal e irá receber o prémio das mãos do Comissário Europeu do Multilinguismo, Leonard Orban. O concurso, realizado em Novembro de 2008, tem por objectivo promover a aprendizagem de línguas e dar visibilidade à profissão de tradutor.
«Uma vez mais, o concurso de tradução permitiu aproximar as pessoas e sensibilizá las para a aprendizagem de línguas e para a tradução, bem como para esse traço singular da UE que é o multilinguismo», afirmou Leonard Orban. «Soubemos que alguns dos concorrentes estão a ponderar seriamente vir a ser tradutores e algumas das escolas participantes lançaram projectos de intercâmbio.»
Os alunos vencedores ganharam uma viagem de dois dias a Bruxelas, acompanhados por um adulto. Para além da cerimónia de entrega dos prémios, presidida pelo Comissário Orban, os vencedores participarão numa visita turística à cidade e deslocar se ão à Direcção-Geral da Tradução da Comissão Europeia, onde se encontrarão com tradutores profissionais e terão a oportunidade de ficar a conhecer os instrumentos e métodos de trabalho utilizados no seu dia-a dia.
Realizada em 27 de Novembro de 2008 simultaneamente em todos os Estados Membros, a segunda edição do concurso contou com a participação de uma selecção de 2 247 alunos de 593 escolas da UE. Os concorrentes dispuseram de duas horas para traduzir um texto sobre o multilinguismo de uma das 23 línguas oficiais da UE para qualquer outra das línguas oficiais da UE. As traduções efectuadas cobriam todas as línguas oficiais e 147 pares linguísticos.
A segunda edição do concurso realizou-se no seguimento do êxito espectacular alcançado pela primeira edição em 2007. Um inquérito realizado a professores de línguas imediatamente após o concurso revelou reacções igualmente entusiásticas. O concurso «Juvenes Translatores» está destinado a ser um marco do ano escolar, pelo que a preparação da terceira edição já se encontra em curso.
Para mais informações:
Concurso de tradução: http://ec.europa.eu/translation/contest/index_pt.htm/
Direcção-Geral da Tradução: http://ec.europa.eu/dgs/translation/
Línguas na UE: http://europa.eu/languages/pt/home
Vinte e sete alunos de escolas secundárias da UE recebem hoje, em Bruxelas, um prémio e um diploma por terem efectuado as melhores traduções nos respectivos países no âmbito do concurso de tradução «Juvenes Translatores». Luís Filipe Machado Costa, do Colégio Nossa Senhora da Assunção, na Anadia, foi o vencedor do concurso em Portugal e irá receber o prémio das mãos do Comissário Europeu do Multilinguismo, Leonard Orban. O concurso, realizado em Novembro de 2008, tem por objectivo promover a aprendizagem de línguas e dar visibilidade à profissão de tradutor.
«Uma vez mais, o concurso de tradução permitiu aproximar as pessoas e sensibilizá las para a aprendizagem de línguas e para a tradução, bem como para esse traço singular da UE que é o multilinguismo», afirmou Leonard Orban. «Soubemos que alguns dos concorrentes estão a ponderar seriamente vir a ser tradutores e algumas das escolas participantes lançaram projectos de intercâmbio.»
Os alunos vencedores ganharam uma viagem de dois dias a Bruxelas, acompanhados por um adulto. Para além da cerimónia de entrega dos prémios, presidida pelo Comissário Orban, os vencedores participarão numa visita turística à cidade e deslocar se ão à Direcção-Geral da Tradução da Comissão Europeia, onde se encontrarão com tradutores profissionais e terão a oportunidade de ficar a conhecer os instrumentos e métodos de trabalho utilizados no seu dia-a dia.
Realizada em 27 de Novembro de 2008 simultaneamente em todos os Estados Membros, a segunda edição do concurso contou com a participação de uma selecção de 2 247 alunos de 593 escolas da UE. Os concorrentes dispuseram de duas horas para traduzir um texto sobre o multilinguismo de uma das 23 línguas oficiais da UE para qualquer outra das línguas oficiais da UE. As traduções efectuadas cobriam todas as línguas oficiais e 147 pares linguísticos.
A segunda edição do concurso realizou-se no seguimento do êxito espectacular alcançado pela primeira edição em 2007. Um inquérito realizado a professores de línguas imediatamente após o concurso revelou reacções igualmente entusiásticas. O concurso «Juvenes Translatores» está destinado a ser um marco do ano escolar, pelo que a preparação da terceira edição já se encontra em curso.
Para mais informações:
Concurso de tradução: http://ec.europa.eu/translation/contest/index_pt.htm/
Direcção-Geral da Tradução: http://ec.europa.eu/dgs/translation/
Línguas na UE: http://europa.eu/languages/pt/home
Thursday, April 02, 2009
Sal(i)vando a Bordalo Pinheiro
Para ouvir ao som da música "Saliva" dos GNR
Vamos gastar muita saliva...
Vamos gastar muita saliva...
Wednesday, April 01, 2009
Diz-me como te chamas, dir-te-ei quem és
Alguém se lembra de um tal Jacinto Leite Capelo, que andou nas bocas de toda a gente?
(salvo seja!)
Balls and Bottoms give way to Wangs in name game
Leiam esta notícia da Reuters sobre apelidos e quejandos.
(salvo seja!)
Balls and Bottoms give way to Wangs in name game
Leiam esta notícia da Reuters sobre apelidos e quejandos.
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